6 de setembro de 2011

América Independente (2)



Os projetos de Bolívar e San Martín

Reprodução
Estátua eqüestre de Simón Bolívar, em Caracas, na Venezuela
Em 1822, em Guayaquil (no atual Equador), Bolívarreúne-se com o argentino José de San Martín, que havia liderado os movimentos de independência na Argentina (1816) e no Chile (1819). Ambos estavam lá para discutir a estratégia para tornar o então Vice-Reino do Peru independente da Espanha, o que acabou se concretizando em 1824.

Embora concordassem que as colônias deveriam se tornar independentes da Espanha, os dois "libertadores" tinham planos diferentes para os países da América Espanhola. San Martín acreditava que o melhor era que as ex-colônias se tornassem monarquias, cujos chefes de Estado seriam príncipes europeus convidados para governá-las.

Na visão de San Martín, essa seria uma forma de evitar guerras civis e facilitar o reconhecimento da independência das ex-colônias por parte das potências estrangeiras, especialmente as da Europa. Para Bolívar, as ex-colônias deveriam se organizar numa única grande república federativa, unidas sob um mesmo governo, mais ou menos nos moldes dos Estados Unidos.

Fim do domínio espanhol

Como não chegaram a um acordo, os dois "libertadores" seguiram caminhos diferentes: San Martín voltou para a Argentina, enquanto Bolívar se preparava para lutar pela independência peruana.

Em 1823, Bolívar, acompanhado de um grande exército, ocupou a cidade de Lima, que ainda era um forte reduto espanhol. Em Lima, Bolívar e o militar venezuelano Antonio José de Sucre planejaram os ataques contra as forças espanholas. No dia 6 de agosto de 1824, Bolívar e Sucre derrotaram juntos o exército espanhol, na Batalha de Junín.

No dia 9 de dezembro daquele mesmo ano, Sucre, com a ajuda de tropas enviadas por Bolívar em Lima, derrotou os espanhóis na Batalha de Ayacucho, região que hoje pertence à Bolívia. Era o último reduto espanhol na América do Sul.

Sucre proclamou, no dia 6 de agosto de 1825, a criação da República da Bolívia, cujo território até então fazia parte do Peru. O nome do novo país era uma homenagem a Bolívar. A primeira constituição boliviana ficou pronta em 1826 e, ainda que jamais tenha sido usada, foi elaborada pelo próprio Bolívar. Essa constituição refletia as influências do Iluminismo e de autores da Antiguidade Clássica (Roma e Grécia) no pensamento político do Libertador.

O fim do sonho de Bolívar

Bolívar encontrou dificuldades para manter o controle sobre o vasto território da Grã-Colômbia. A unidade do novo país estava sendo ameaçada por divisões internas e movimentos separatistas.

Assim, o sonho de Bolívar de uma nova república federalista, nos moldes dos Estados Unidos, foi gradualmente sucumbindo aos interesses particulares de grupos que tinham pouco ou nenhum respeito pelos princípios liberais defendidos pelo principal líder da independência dos países hispano-americanos.

Para evitar a dissolução da Grã-Colômbia, Bolívar implantou um modelo de governo mais centralista, isto é, em que o governo central exerce um poder maior sobre as demais áreas, tirando parte da autonomia das administrações regionais (exemplo: um país onde Estados e municípios tenham muito pouca autonomia em relação ao governo federal, que exerce um controle muito maior).

Com o intuito de garantir que a Grã-Colômbia permanecesse unida, no dia 27 de agosto de 1828 Bolívar se autoproclamou presidente vitalício (ditador) e aboliu a vice-presidência. Quase um mês depois, no dia 25 de setembro, escapou de um atentado, uma tentativa de assassinato, que se tornou conhecida pelo nome de "conspiração setembrina".

O atentado fracassou graças, em parte, à ajuda de sua amante, Manuela Sáenz. Inicialmente, Bolívar pretendeu perdoar os autores, mas acabou decidindo por submetê-los ao julgamento de uma corte marcial, que os condenou a morrerem fuzilados.

Os últimos dias

Apesar de sobreviver ao atentado, Bolívar foi fortemente afetado pela experiência. Os problemas políticos persistiram e sua saúde piorou em decorrência de uma tuberculose. Esses fatores contribuíram para ele renunciar à presidência, o que ocorreu no dia 27 de abril de 1830.

Após a renúncia, Bolívar pretendia deixar o país e partir para um exílio, provavelmente na França. Chegou a enviar vários de seus pertences (inclusive alguns de seus escritos) para a Europa. No entanto, acabou morrendo no dia 17 de dezembro de 1830, antes mesmo de embarcar, vitimado pela tuberculose, em Santa Marta, na Colômbia.

No seu leito de morte, Bolívar pediu a seu ajudante de campo, o general Daniel Florêncio O'Leary que queimasse todas as suas cartas, discursos e demais escritos. O' Leary não obedeceu à ordem e os escritos de Bolívar sobreviveram.

Obra escrita de Simón Bolívar

Esses escritos acabaram se tornando uma valiosa fonte de informações para os historiadores, que puderam conhecer mais a respeito das ideias e opiniões de Bolívar, muitas das quais, bastante avançadas para a época. Neles, ficamos sabendo que Bolívar se considerava um liberal, defendia o livre comércio, a liberdade de crença religiosa, o direito de propriedade e o Estado de Direito ou Estado constitucional, ou seja, que o Estado seja regido pelas leis e não pela arbitrariedade dos governantes.

Embora o sonho de Bolívar de uma América espanhola unida sob um mesmo governo não tenha ser realizado e novas divisões tenham surgido (a Grã-Colômbia acabou se dividindo e dando origem a três países: Colômbia, Venezuela e Equador), várias de suas ideias, especialmente aquelas mais ligadas aos princípios democráticos, permanecem atuais. Os governantes dos países da América do Sul ainda têm muitas coisas a aprender com Bolívar.
Fonte: UOL

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