2 de setembro de 2011

Rainha de Sabá


Makeda (ou Bilqis)
Etiópia (?), século X a.C. (?)


[creditofoto]
Afresco etíope mostra a Rainha de Sabá cavalgando, armada com lança e espada
Alguns livros sagrados - como a Bíblia, oAlcorão e o Kebra Nagast (A glória dos reis), dos etíopes - falam de uma rainha que governava o reino de Sabá (ou Sheba, em hebraico), localizado ao sul da Etiópia. As narrativas são unânimes em afirmar que ela governava com habilidade, sendo, ao mesmo tempo, amada e temida por seu povo. Esses mesmos livros enaltecem sua beleza e suas virtudes, chamando a atenção para a riqueza magnífica em que ela vivia.

A tradição etíope afirma que o nome da rainha era Makeda, enquanto os árabes a tratam por Bilqis. Quanto à Bíblia, o livro narra como a rainha, tendo notícia da fama do rei Salomão, teria decidido visitá-lo, levando, como presente, grande quantidade de especiarias e pedras preciosas.

As diferentes versões coincidem no relato de que ela teria passado seis meses em Israel, seduzida por Salomão (que, segundo a tradição, teve mais de 700 mulheres e concubinas). Segundo a Bíblia, impressionada com a sabedoria e a cultura do rei, a rainha teria se convertido ao judaísmo, introduzindo essa religião, mais tarde, em seu próprio reino.

A tradição etíope, contudo, parece complementar o relato bíblico: da união entre a rainha e Salomão teria nascido um filho, Menelik, que depois da morte de sua mãe deu início a uma dinastia que dominou a Etiópia durante séculos, chegando ao imperador Hailé Selassié 1º e sua descendência.
 

História e arqueologia

Sob o ponto de vista estritamente histórico e arqueológico, no século 10 a. C., enquanto Israel alcançava o máximo do seu poder político e cultural, sob comando do rei Salomão, existia um reino que ocupava boa parte do território do atual Iêmen. Escritos assírios e persas falam da existência desse reino. E ainda que se tratasse de uma cultura muito menos influente do que a hebraica, ela parece ter sido importante durante algum tempo.

Escavações arqueológicas descobriram uma praça urbanizada em Marib, no atual Iêmen, na qual parece haver evidências de que ali teria sido o centro do antigo reino de Sabá. As escavações teriam descoberto uma construção religiosa denominada Templo de Bilqis.

Contudo, mais recentemente, arqueólogos alemães, ligados à Universidade de Hamburgo, afirmaram ter descoberto na localidade de Axum, na Etiópia, o palácio da própria rainha de Sabá. Um dado que talvez reforce a provável descoberta é a presença de vestígios de línguas semíticas (grupo lingüístico que compreende os hebreus, os assírios, os aramaicos, os fenícios e os árabes) em várias regiões do litoral africano, entre o Egito e a Somália.

De qualquer forma, os pesquisadores se debatem ainda entre várias possibilidades. Dentre elas, a de que o reino de Sabá poderia ter sido uma civilização matriarcal - e uma dessas rainhas teria se convertido em divindade. Nesse caso, os relatos religiosos falariam de uma deusa - e não de uma rainha em carne e osso.

Outra interpretação, que não pode ser desprezada, é a de que o rei Salomão gostava de viver rodeado de poetas que enalteciam seus feitos. Por que não adicionar mais uma conquista às 700 mulheres do rei? Mais tarde, o que era apenas um poema se transformou em tradição e foi incorporado aos textos religiosos. Estava criada a lenda da rainha de Sabá.
Fonte: UOL

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